Uma pesquisa da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), com base nas informações das centrais estaduais de transplantes, mostra que 75% das famílias tocantinenses recusaram a doação de órgãos em 2016. O dado, divulgado no início de março, mostra ainda que em todo o país, das 5.939 famílias consultadas, 2.571, ou 43%, não deram as autorizações necessárias para que os órgãos de seus entes fossem doados.

 

“O índice de recusa é bem alto. A Espanha, por exemplo, é o país líder em transplante e lá a recusa das famílias é de menos de 20%”, afirma Roberto Manfro, presidente da ABTO. O representante da entidade lembra que o grande empecilho para que mais doações sejam realizadas no país ainda é a falta de conhecimento do familiares, que desconhecem o fato de que a morte encefálica (pré-requisito para doação) é uma situação irreversível.

 

Entre as 34.543 pessoas que esperavam um transplante no País em dezembro, 21.264 precisam de rim, 10.293 de córnea, 1.331 de fígado, 539 de pâncreas e rim, 282 de coração, 172 de pulmão e 31 de pâncreas. Em 2016, 2.013 pessoas que estavam na fila por um órgão, morreram. Dessas, 82 eram crianças. No ano passado, as centrais estaduais de transplantes identificaram 10.158 pessoas que tiveram morte encefálica e poderiam ser doadoras.

 

Nos Estados do Norte, estão os maiores índices de rejeição à doação. Acre (81%), Rondônia (76%) e Tocantins (75%). Para atestar a morte encefálica, são necessários avaliação de especialista (neurologista ou neurocirurgião) e exame complementar que ateste que o cérebro não tem atividade elétrica (eletroencefalograma) ou que não há mais circulação de sangue no cérebro (angiotomografia, angiografia, angiorressonância e cintilografia do cérebro).

 

O coordenador médico do núcleo de captação de órgãos do Hospital Israelita Albert Einstein, José Eduardo Afonso Junior, observa que uma das possíveis explicações para a rejeição à doação de órgãos é uma falta de preparo profissional. Para reverter isso, ele aponta investimentos em classificação, como as pós-graduações em Captação de Órgãos que o Ministério da Saúde realiza em parceria com alguns hospitais, como o Einstein.