O ano de 2017 ainda nem terminou e já bateu um recorde nada agradável para os condutores de veículos automotores de Guaraí. De janeiro ao dia 11 de dezembro deste ano foram aplicadas 2.310 multas de trânsito no município. O dado é do Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (DETRAN-TO), obtido pelo Guaraí Notícias com base na Lei de Acesso a Informação (LAI).

 

Em 2015, quando os Agentes de Trânsito do DETRAN/TO começaram a atuar no município, o órgão emitiu 1.797 multas. Em 2016 este número de autos lavrados caiu para 1.491. Se somadas, as multas aplicadas entre 2015, 2016 e 2017 (até 11 de dezembro), perfazem um total de 5.598 notificações, montante considerado elevado para uma cidade do porte de Guaraí.

 

Levando em consideração a quantidade de carros, motos, caminhões, ônibus/micro-ônibus, caminhonetes e caminhonetas licenciados, estimada em aproximadamente 12 mil veículos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de multas aplicadas em Guaraí nos três anos equivale a quase 50% da frota circulante local.

 

Se o número de multas aplicadas no município é alto, em contrapartida o quantitativo de iniciativas do DETRAN/TO voltadas para a educação é praticamente inexistente. As ações, que deveriam acontecer regularmente, costumam se limitar a datas especificas ou a públicos restritos, dando a entender que o foco está voltado justamente na arrecadação.

 

Outro fato considerado preocupante está relacionado ao número de multas emitidas com critérios “obscuros”. Não é raro encontrar motoristas que residem no município e alegam ter recebido multas aplicadas em locais que eles sequer estiveram, sem contar as infrações atribuídas a condutores, sem que eles tenham cometido atos contrários a atual legislação de trânsito. Em 2015, por exemplo, uma audiência pública chegou a debater esta situação.

 

Nem mesmo como “negócio”, os recursos financeiros obtidos através das multas aplicadas em Guaraí beneficiam a comunidade local, já que desde 2005, portanto há 12 anos, Guaraí não recebe nenhum centavo desta fonte arrecadadora. Isso acontece, pois o DETRAN/TO até hoje não firmou qualquer tipo de convênio para transferência de recursos com o Poder Público local, muito menos para promover ações educativas.

 

Qual a explicação para tantas multas em um município onde os índices de acidentes de trânsito continuam elevados? Para onde vão os recursos arrecadados com a cobrança destas mesmas multas? Por que é mais fácil multar do que promover ações que tornem o trânsito mais seguro? Estas são algumas perguntas que a população não consegue respostas. Quem paga tem o direito de saber, mesmo que esteja errado.